Definitivamente vamos então assumir nosso tamanho!
Após a derrota para o Palmeiras, um grupo de torcedores bradou
que devemos “cair na realidade” e assumir nosso tamanho.
Mas qual seria "esse" nosso tamanho?
Em 1967 pisamos com um pé na 2ª divisão do paranaense. Jofre
Cabral comprou a briga e determinou que o Atlético não era pequeno, deveria
sempre estar na elite paranaense. Os rivais locais se uniram em favor do
Furacão e consideraram o clube grande demais para cair no esquecimento.
Em 1968, Jofre montaria para a época, o melhor time de todos
os tempos do futebol paranaense, que infelizmente não levantou taças, mas viu sua
grandeza ser percebida Brasil afora, em jogos com vitórias memoráveis contra os
grandes do eixo em meio ao falecimento do apaixonado Jofre e suas crenças de
nossa grandeza. Tal feito jamais havia se visto nas terras paranaenses. O
Atlético era grande, mesmo sem títulos.
Década de 70, a pobreza do Furacão contrastava com a
riqueza coxa. Enquanto o Furacão penava para montar bons elencos, os coxas o
faziam sem dificuldades e ainda ficavam com todas as taças, muitas delas
conquistadas no submundo da corrupção futebolística, assumidas posteriormente
por Munir e Evangelino, histórias que meu pai contava com mágoa e frustração. Mesmo
assim, o Atlético agigantava sua torcida e ela se tornava a mais consciente e colaborativa
aos princípios Atleticanos de que, não se faziam necessários títulos para sermos
grandes. Éramos Atleticanos por amor e não por troféus.
Abracei a causa daquele clube pobre, me apaixonei por ele e
pelas injustiças vividas pelo clube e nem mesmo o torneio da morte do
paranaense de 81 esfriou minha paixão pelo Furacão, ao contrário, ele
deslanchou de vez em meu coração. Já era um garoto Atleticano apaixonado por um
clube que não ganhava títulos, desdenhado pela mídia nacional e lutando aos
trancos e barrancos pela sua sobrevivência.
Lembro que o atendimento telefônico do clube na época era
horrível, nem secretárias haviam e levava uma eternidade para alguém descer as
escadas, atravessar a rua e falar com alguém que ligava para o orelhão da
esquina. O clube não tinha telefone fixo e o orelhão da esquina era a única
forma de contato e não originava contas de consumo. Enquanto isso a lavanderia
bloqueava o serviço por falta de pagamento e os jogadores se prontificavam a levar o material para as
esposas lavarem e passarem. Todo cuidado era pouco, afinal não havia dinheiro
para reposição de peças danificadas. Na enfermaria do clube, o médico reunia doações de medicamentos para que os jogadores pudessem ter tratamento digno e condições de jogo.
As mídias faziam suas estatísticas de maiores torcidas no
Brasil e mesmo sem dinheiro e títulos, a nossa era a maior dos paranaenses, para
incompreensão e desespero coxa. Como um clube pobre e sem títulos poderia ter a maior
torcida do estado? Amor puro e sem a necessidade de ser campeão para
ser amado.
1982 e 83 foram anos peculiares e únicos naquele período. Levantamos
2 troféus após 12 anos de abstinências e víamos um Furacão entre os 4 grandes
do Brasil, parado em uma semifinal pelo melhor time do mundo na época, o
Flamengo, e pela absurda ganância humana nos bastidores, no intervalo de um dos
mais célebres jogos da história do Atlético. Teríamos ganho aquele título e angariaríamos
poder no futebol nacional, consequentemente mais receitas. Os valores à vista
foram pequenos demais em comparativo aos valores que poderiam ser arrecadados
futuramente.
Aquele sabor de conquistas me deixou nas nuvens e com a
esperança de que aquilo pudesse ajudar meu clube de coração sobreviver. Imagine,
um garoto de 13 anos, apaixonado pelo Atlético, orgulhoso de ser Atleticano,
mesmo vendo na tv as máquinas e os ídolos do eixo do futebol! Aquele garoto, em
meados de 1984, seria encontrado pelo espírito Atleticano, em seu quarto,
chorando baixinho após uma sonora goleada sofrida para o Grêmio, o de Maringá,
por 4x1. Era o medo de que o passado pudesse voltar à tona.
O negociado título nacional coxa de 85 me frustrava, por
saber que pobres, jamais chegaríamos a uma glória daquelas, nossa chance havia
passado, havia sido entregue de mãos beijada$ ao$ urubu$. Aquela estrela
amarela, sempre esfregada nas nossas caras, nos davam mais gana de sermos cada vez
mais Atleticanos. Nossa torcida se expandia a olhos vistos e levava ao pé da
letra que os títulos não nos fariam grandes, já éramos grandes.
As esperanças de que algo sobrenatural pudesse ocorrer, reacendiam
em mim a cada título, em meio ao chopp na praça em 85 e em meio a TOF em 88 no
Pinheirão, com meu falecido pai ao lado. Nessa altura da difícil vida financeira
Atleticana, podíamos ver pela primeira vez desde 85, um Atleticano no comando
da FPF. Seria esse o fim das manipulações coxa? Engano nosso! A ganância do
homem sempre ofusca sua paixão e fomos levados de arranque para o Pinheirão que
nos limpou o resto que tínhamos, menos nossa dignidade de sermos Atleticanos, na riqueza e na pobreza, na
saúde e na doença, até que a morte nos separe.
Atônitos os coxas nos viam sobreviver na desmerecida
segundona do brasileirão. Já sentíamos o gosto amargo de sermos menosprezados
pelo Brasil todo, ocasionado pelos dirigentes coxas, que não aceitaram o convite
para que o Atlético fizesse parte do clube dos 13.
No meio da TOF e ao lado de um rapaz que chorou o jogo
inteiro, via eu a benção de “João de Deus” em um gol de Berg contra, que dava o
merecido título de 90 ao clube pobre, mas raçudo dentro e fora de campo, o
Atlético. Era sempre nós contra todos e em 90 ainda, voltaríamos para a elite do
futebol nacional. Ainda havia esperança de que o sobrenatural assumisse o
Atlético e mostrasse ao Brasil que éramos sim grandes, apenas os outros não
queriam aceitar por medo de nossa massa de torcedores desvairadamente
apaixonados.
A alegria da elite durou pouco tempo e o fracasso foi
eminente. Em meio a isso tudo emergia um novo grande, o Paraná Clube, rico e
abastado. que começava a abocanhar todos os troféus que não estavam mais ao
nosso alcance. Os títulos regionais desapareceram e a soberba coxa crescia cada vez
mais, findando no fatídico jogo de 16 de abril de 95, um 5x1 que jamais
esquecerei, o pior aniversário de minha vida. Mas meu orgulho ferido não me
deixou submeter-me ao sarro coxa. Altivo e resistente, juntei-me àquela massa
maravilhosa, que não xingou um minuto sequer, e que ao contrário, no
intervalo do jogo, colocaria orgulhosamente a mão no lado esquerdo do peito e
entoaria o hino composto por nosso eterno Genésio Ramalho e seu parceiro Zinder
Lins, eleito em 1969 o mais belo do Brasil.
“Atlético, Atlético, conhecemos seu valor e a camisa Rubro Negra
só se veste por amor...”
As portas estavam quase fechadas, arranhadas pela humilhação,
e eis que em meio ao funeral anunciado o milagre teve seu início. Uma virada de
mesa histórica levaria ao poder do clube, o então desconhecido Mario Celso Petraglia
e suas insanidades proferidas, que faziam a imprensa do Brasil inteiro se
deleitar em risos. E as principais delas, ser campeão brasileiro em 10 anos,
ter um estádio e um CT novos e ser campeão mundial em algum momento da jornada.
Mas nós Atleticanos abraçamos a causa e vimos nele um pouco
de cada um de nós, aquele que não deixaria o clube morrer e seria nosso porta
voz perante todos. E então, ainda em 95, o Furacão conquistaria seu primeiro
título nacional. Mesmo sendo da segundona, foi o êxtase para o sofrido coração
Atleticano, que afloraria ainda mais em paixão com a bela campanha no
brasileiro de 96, interrompida apenas pelos “esquemas” nos bastidores.
O susto nacional faria com que a entidade maior do futebol
brasileiro afastasse o dirigente, outrora considerado lunático, do comando do
clube, mas não o afastou do Atlético. A entidade tentou nos derrubar, mas nossas vozes ecoaram tão forte que foi impossivel não ouvir pelo Brasil todo, permanecemos onde deveríamos permanecer.
Pouco tempo depois nos deparávamos com um estádio novo, o
mais moderno, um título nacional sobre o Cruzeiro, a primeira Libertadores e
uma sequência que nos levaria ao memorável título de Campeão Brasileiro e um inédito
tri do paranaense. Éramos finalmente reconhecidos como um grande do futebol
brasileiro.
Ao apito final de Carlos Eugênio Simon eu choraria novamente,
não mais pela derrota para o extinto Grêmio de Maringá, mas pela emoção da
glória, outrora considerada impossível, de ser o legitimo Campeão Brasileiro de
2001.
Nos agigantávamos cada vez mais, enquanto os rivais
sucumbiam em meio a novas denúncias de subornos e tentativas de manipulações. E
as manipulações mudariam das mãos regionais para mãos nacionais, nos tirando o título
da Libertadores de 2005. Isso nos engrandeceu ainda mais, por ficar tão
evidente que em campo não nos parariam, as articulações nos bastidores
eram o elemento principal, para derrubar aquele gigante que surgiu das cinzas.
Em 2009 a caminhada para a glória definitiva começava a ser abreviada
e namoraríamos novamente com a segundona nacional, para alivio do Brasil
inteiro, menos nosso torcedor.
Em 2012 nova virada nos rumos do Furacão, a volta para a
elite e novas loucuras se intensificariam na mente do Atleticano milagreiro. O
tempo passou e as loucuras deram lugar a Copa em um estádio totalmente novo e
muito mais moderno que o anterior. Em meio a isso, víamos a CB de 2013 escapar de
nossas mãos. Mesmo com o dirigente se conduzindo ao vestiário no intervalo daquela
partida e gritando por nossa paixão, não foi possível impetrar em algumas mentes
dos que nos representavam em campo, que um título é maior do que qualquer
dinheiro ganho para se desfazer dele.
E voltamos a disputar a Libertadores, continuamos a crescer,
voltamos a incomodar o eixo e bater de frente com entidades esportivas e redes
de tv e até contra certa parte derrotista de nossa torcida. Não paramos mais de
evoluir, com a esperança de que o sonho de sermos campões mundiais dê lugar ao
fato definitivo. Hoje o Brasil olha com desconfiança sem desconfiar que
conseguiremos. O Brasil exalta aquele clube outrora pobre e quase de portas
fechadas, enquanto o mundo aguarda para ser por nós conquistado.
Hoje venho perante você torcedor Atleticano, assumir nosso
tamanho!
Somos Gigantes!
Somos Gigantes de fato e de direito e só a ganância humana
poderá nos tirar as glórias as quais estamos destinados.
Somos Gigantes e maiores que qualquer Palmeiras,
Corinthians, Flamengo, Real Madrid, Barcelona, Manchesters.
Somos Gigantes porque assim me sinto, somos Gigantes porque
o Atlético é o único clube em meu coração. E nenhum clube, seja dos acima citados
ou outro qualquer, será maior que ele em meu coração.
Somos Gigantes porque temos raça, à tradição vigor sem jaça que
nos legou o sangue forte e não tememos a própria morte. Nós já vencemos a
morte, as desconfianças e o poder das elites.
Nós somos o Clube Atlético Paranaense, um Gigante nas
Américas e o futuro campeão mundial de clubes, o maior clube do mundo e só nós
poderemos impedir isso, mais ninguém!
Eu sou orgulhosamente Atleticano, na vitória ou na derrota e
pelo Atlético unicamente cantarei e somente ele será meu amado clube de
coração!
Nenhuma derrota abalará jamais meus sonhos e minha paixão
afinal, somos Gigantes!
SRN
Um belo texto, uma bela história. Somos gigantes. Sempre seremos, ao menos os verdadeiros atleticanos. Abs e SRN
ResponderExcluirUm belo texto, uma bela história. Somos gigantes. Sempre seremos, ao menos os verdadeiros atleticanos. Abs e SRN
ResponderExcluirLindo texto ! Palavras verdadeiras e pujantes que mostram realmente a grandeza do no CAP.
ResponderExcluirSomos gigantes sim e ainda seremos muito maiores!
Abs. JASN
Maldito Mancini e Baier, nos tiraram uma estrela, espero q a deles nunca mais brilhe....
ResponderExcluirGde texto m lembrou de um tempo em q s torcia por amor e ñ por modinha,fazendo mimimi por qq revés,só quem amassou o barro do Pinheirao e viu o farinhaque mmmos devolver nossa casa sabe disso. MCP é MITO