terça-feira, 8 de março de 2016

Minha Alma Feminina Atleticana



A coluna de sucesso em 2015, readaptada em homenagem a todas as mulheres torcedoras Atleticanas.

Meu nome é Tânia, ou Camile, ou Camila.
Sou a Fran que veste a filha com a camisa do Furacão e ensina a beijar o escudo.
Sou a Fernanda que discute com o Robson em redes sociais sobre esquema tático, até deixá-lo ruborizado e impressionado com o meu conhecimento sobre futebol.
Sou a Atleticana até a morte!
Eu entendo o futebol, eu conheço as regras e sei escalar meu time tão bem ou melhor que você que é homem.
Essa é... Minha Alma Feminina Atleticana!
E minha alma feminina me levou hoje ao passado do futebol bruto e machista.
Antigamente não havia respeito pela minha presença nos estádios, eu era encarada como “uma qualquer”.
Meu traseiro era alvo seguido de palmadas indecentes e desrespeitosas, fora os cochichos maldosos.
Meus filhos não tinham condições de ir ao estádio comigo e ver a mãe deles tratada como objeto.
E os banheiros então! Unicamente masculinos! Fazíamos filas em qualquer estádio de Curitiba, nos constrangendo para que nenhum homem se aproveitasse de certos momentos e sempre tínhamos uma amiga na vigilância.
Banheiros sujos, sem estrutura para nós, mulheres.
Comida de péssima qualidade.
Arquibancadas frias, molhadas e desconfortáveis, sujeira para todos os lados.
Não podíamos nos expressar, era indevido, e nem em conta levavam nossa fragilidade de mulher Atleticana.
Mas minha paixão pelo Atlético sempre me ajudava a derrubar todos os obstáculos para ver meu amado time. Nunca importou o estádio, eu estava lá para sofrer novamente o que fosse necessário por essa paixão, mesmo sem ser notada!
Sou vaidosa quando vou ao jogo, me visto bem, fico escolhendo minha roupa por horas, embora a última veste seja a mais fácil de todas, a camisa do Atlético, e claro, tenho umas 20 camisas oficiais no armário, gosto de variar.
Minha maquiagem tem que estar perfeita, não pode haver falhas, sou supersticiosa e acho que até a cor do batom ajudará o time em campo.
Me arrumo para o Atlético como se me arrumasse para meu homem amado, quero que minha paixão me observe, me leve a loucura, me deixe nas nuvens e para isso espero só a colaboração de 1 ou 2 gols, se forem mais, melhor.
Sou Atleticana.
Sou uma Atleticana que compõe a maior torcida feminina do Brasil, a torcida feminina do Atlético Paranaense.
Sou emotiva, apaixonada, entendo sim do jogo em campo e muito melhor do que muitos “machos” por aí.
Em dia de jogo não tem “essa” não, “maridão” tem que me ajudar na cozinha e os filhos também, perder o horário de encontro com meu AMORCAP, é de doer o coração.
Sou guerreira, furiosa, louca de paixão, grito incessantemente, me descontrolo, me desespero no gol adversário, eu choro copiosamente e fico perguntando porque “ele” não estava “lá“ naquele momento para impedir o gol.
Mas me alegro, me apaixono de novo e tudo por um gol do Furacão.
Eu palpito também e quero vitória, quero títulos, mas sou consciente do que foi o passado e do que tenho no presente e quem me proporcionou tudo o que nós mulheres temos hoje.
Sou Atleticana de verdade e quero ver meu Atlético maior ainda.
O futebol não é mais um mundo apenas masculino, nós “roubamos” parte desse planeta chamado bola e hoje escrevemos nossa história nele. Nossos campeonatos chegam a ser mais disputados do que muitos torneios masculinos.
Ahhhhh a Baixada... Meu Atlético me permite ter minha família ao lado, em um domingo à tarde, e um lugar limpo, sequinho, confortável e perfeito. Um lugar que chamo de casa. A Arena é minha casa.
Sou exigente, sou perfeccionista sim, percebo coisas que os homens não percebem, pois sou mulher.
Sou a torcedora mais fanática do Brasil.
Feliz dias das mulheres a todas as Atleticanas.
Um imenso beijo a todas as torcedoras do Atlético Paranaense, as meninas, as garotas, as mamães, as senhoras, as casadas e as solteiras, que fizeram dessa...
A torcida feminina mais bela do Brasil...

Obs: O colunista esclarece que por amar tanto as mulheres torcedoras do nosso Furacão, também tem impregnado em si uma alma feminina e qualquer brincadeira com a masculinidade dele é pura perca de tempo.
Carrego cada uma delas em meu coração, em minha alma, como o Atlético também carrega, portanto, tanto eu quanto o Atlético temos sim uma alma feminina também. 


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