Não tenho como separar minha vida do futebol.
Acho que nasci com uma bola aos pés e uma bandeira nas mãos.
Desde criança, meu amor foi dedicado única e exclusivamente
ao Clube Atlético Paranaense, mas cresci assistindo outros grandes times,
grandes campeonatos e jogadores fenomenais.
Adoro outros esportes, mas o nosso futebol sempre teve
prioridade.
Quando criança, montava meus times de futebol de botão e
organizava meus campeonatos.
Os ouvidos estavam sempre colados em um radinho de pilha de
meu falecido pai, com o qual me acostumei a ouvir jogos e decisões. Às vezes me
frustrava, às vezes me alegrava, e independente de qualquer reação emotiva, a
semana seguinte era de espera pelo próximo jogo e assim se vão quase 40 anos dedicados
ao futebol.
Como bom Atleticano, nunca me dispus a vestir verde,
principalmente pela rivalidade com nosso coirmão Coritiba.
Mas você jamais pode dizer: “ Dessa água não beberei! ”.
Após a última parte da entrevista de Petraglia que publiquei
dias atrás, falando entre outras coisas da torcida e das cores do estádio,
quando citou ele que poderia deixar o estádio da cor do clube que viesse a
mandar jogos na Baixada, muitos desferiram protestos, recusas e ofensas,
principalmente quando MCP citou ser favorável deixar a Baixada iluminada de verde
caso fosse o coxa ou o Palmeiras.
Infelizmente recebemos a notícia da pior tragédia da
história do esporte mundial e quis o destino fosse com o futebol brasileiro.
A tragédia ocorrida com o time da Chapecoense e outras
pessoas entre jornalistas e acompanhantes do clube, comoveu o Brasil, e me
comoveu de uma maneira inquietante. Muitos podem dizer que temos pobres,
pessoas doentes em hospitais, menores abandonados e outros mais morrendo todos
os dias e isso não deixa de me comover também, mas em especial, com a queda do
avião que matou quase um time inteiro, morreu também um pouco deste apaixonado
pelo futebol.
Somos brasileiros, temos a rivalidade contra outros clubes à
flor da pele, mas não vivemos sem nossos rivais e para exemplificar isso,
sempre faço o mesmo questionamento: “O que seria do Atlético sem o Coritiba e
do Coritiba sem o Atlético”?
Nossa rivalidade deve ficar sempre dentro dos gramados, fora
deles, somos um pouco de cada clube, pois é a existência dos clubes e das
torcidas de cada um que fazem do futebol brasileiro um dos mais emocionantes do
mundo.
A língua é o chicote da bunda, quis o destino que uma
tragédia inexplicável, colorisse de forma justa e honrosa a nossa Baixada de
verde, isso não afetou nem um pouco minha dignidade Atleticana rubro negra, bem
pelo contrário, e espero que aqueles que tanto reclamaram, que coloquem suas
mãos na consciência e repensem suas palavras.
As torcidas da capital estão planejando uma homenagem no dia
que seria da final no estádio Couto Pereira, acho justa a homenagem, acho justa
a união de todos nós torcedores da capital, pois somos torcedores e não
inimigos. Não serão nossas camisas que nos dividirão ou nos definirão, elas
devem mais do que nunca é nos unir.
Não foram só o time da Chapecoense e o estado de Santa
Catarina afetados com essa tragédia, nós paranaenses fomos afetados
diretamente, pois 10 atletas tiveram passagens pelo nosso futebol, jogadores
também nascidos em nosso estado, bem como Caio Jr um dos melhores técnicos
dessa geração, paranaense com orgulho.
Perdemos Mario Sérgio, o homem que montou o time do Atlético
Campeão Brasileiro de 2001.
Muitos falam de Geninho que foi crucial para a conquista,
mas poucos citam que o homem que ajudou a colocar aquele time na estrada da
glória foi Mario Sérgio, que também montou o time vice campeão do Brasil em
2004.
Os clubes se mobilizam para ajudar e homenagear a Chape e sugiro
mais, todos deveriam jogar a última rodada do brasileirão com a camisa da Chapecoense,
cada qual colocando seu próprio escudo na camisa ao lado do escudo da Chape.
Nesse momento as cores não me importam, o que me importa é
que o esporte que tanto amo perdeu um de seus filhos e isso deve ser respeitado
por todos.
Hoje eu visto verde pelo futebol, para homenagear o futebol
e um clube querido do sul, pois foi o futebol, o responsável pela minha maior
paixão esportiva, o Clube Atlético Paranaense. E se fosse meu rival na situação
da Chape, eu vestiria o verde deles também pelo mesmo amor ao esporte.
Que a paz esteja com o povo de Chapecó, os merecidos
campeões sulamericanos de 2016.
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