Tenho que concordar com parte da torcida que diz que MCP, o
Petraglia, não é torcedor.
Petraglia não age com um coração fanático, apaixonado pelo
Atlético.
Petraglia é apenas um administrador muito bem-sucedido nos
negócios e que levou para o Atlético Paranaense toda sua experiência
profissional para transformar o clube em um dos 13 maiores do Brasil.
Aproveitou toda sua genialidade e não misturou as coisas, teve que se
transformar em 2 homens distintos, tudo pela satisfação de ver seus projetos
saírem do papel, tomarem forma e se tornarem referências para o Brasil e para o
mundo.
Petraglia, na minha
modesta opinião, nunca deixou transparecer sequer uma única vez, alguma ponta
de paixão pelo Atlético. Derrubou e construiu duas vezes o mesmo estádio, não
sei se para provar a todos que poderia fazer ou para beneficiar o Atlético e
sua torcida de alguma forma. Não bastasse construir dois estádios, ainda tem
inúmeras outras obras que realizou, como por exemplo o CT mais moderno das
Américas.
Tenho que admitir a competência desse administrador.
Ninguém em sã consciência, pode macular a imagem do
administrador ou dizer que o mesmo é incompetente. Sendo eu, uma pessoa que anda
lado a lado com a parte administrativa de negócios, sei bem que construir uma
estrutura gigantesca como a que o Atlético possui hoje, sem dinheiro e pior,
muitas vezes aplicando dinheiro até do próprio bolso, não é para qualquer um.
Negócios de riscos são apenas para visionários e homens de fé, além de
dispostos a ouvirem todo tipo de infortúnio e bobagens, oriundas de diversas
vertentes da sociedade, principalmente da sociedade curitibana, que nem de
longe valoriza seus grandes heróis.
Mas como poderia um administrador sem paixão pelo clube,
promover e realizar uma revolução singular como a que Petraglia conseguiu realizar
nos últimos 21 anos no Atlético Paranaense?
Pois bem, talvez a resposta não esteja no Petraglia ou no
MCP mas, no garoto Mario.
Mario nasceu para o Atlético quando pisou o solo sagrado da
Baixada ainda menino. O garoto Mario atravessava o campo todos os dias para ir
à escola e ao pisar aquele gramado, Mario estabeleceu um elo de amor com o clube
e não se furtando de sua paixão, passou a frequentar o pequenino e acanhado
estádio para assistir aos embates de um time de futebol em vermelho e preto,
repleto de jogadores que se tornariam lendas.
A paixão do menino Mario pelo Atlético Paranaense evoluiu,
bem como aconteceu a todos nós que um dia fomos crianças. Tornou-se constante e
um hábito comum ir à Baixada. E todos sabemos o que acontece quando se
frequenta constantemente nosso estádio. Aquele menino nascido no Rio Grande do
Sul, não cedeu aos apelos de Grêmio ou Inter, cedeu sim, seu coração ao
Furacão.
Sabemos que quando crianças, nosso maior sonho no futebol é
ver o clube que amamos campeão seguidamente e claro um dos maiores do país ou o
maior do planeta. Sonhos que também tive, eram sonhos de criança e parte deles,
Petraglia já realizou.
Mario ficou inúmeros jogos, dias e anos a espera por
vitórias e títulos que falhavam em vir. Mas não desistiu de ser um Atleticano
convicto. Cresceu, se tornou um grande administrador, construiu com dignidade
seus projetos e tornou-se um empresário de sucesso por sua plena e singular
competência.
Mas Mario não deixou de ser menino e jamais abandonou o
Atlético, com o passar do tempo passou a frequentar o dia a dia do clube, até o
momento que a voz do menino falou mais alto e cansado de tanta incompetência,
assumiu de uma vez por todas e por inteiro o Clube Atlético Paranaense, sua
grande paixão.
Eis que nesse momento de transição, era necessário ter a
frente do Atlético um empresário de visão e que trabalhasse pela reconstrução
de um clube falido e fadado ao esquecimento, o Atlético Paranaense estava
prestes a fechar as portas.
Então, Mario Celso Petraglia se dividiu em dois. O pequeno
Mario continuaria sentado nas arquibancadas e o grande empresário tomaria conta
do clube. Claro que o pequeno Mario pouco concordava com algumas atitudes do
empresário, mas sabia lá no fundo que aquele era o melhor caminho para a
transformação completa do clube que tanto amava. Mario se assustava com as
seguidas atitudes aparentemente malucas de Petraglia mas, ainda assim, lhe dava
um voto de confiança buscando interferir o mínimo possível. E Mario não se
arrependeu quando viu um estádio novo e um troféu de campeão brasileiro na sala
de troféus. Mario sentiu-se orgulhoso, e pouco aparecia em cena pois, seu sonho
já havia sido realizado.
Mas pensa você que Mario se contentou?
Mario queria mais e fez um pedido daqueles bem difíceis a
Petraglia, um título de campeão das Américas que quase veio. Petraglia colocou
mãos à obra e depois de muito pensar chegou à conclusão de que para o clube
alcançar esta e outras proezas deveria crescer mais, ser maior em estrutura.
O grande problema é que Mario, como todo torcedor, quer tudo
para já, para agora, não quer esperar um pouco ou o momento certo.
Eis que Petraglia volta e meia se afasta de Mario, para não ver
os planos do administrador serem derrubados pela paixão do garoto. Petraglia
teme que um dia Mario tome seu lugar e acabe estragando o maior projeto de
todos os tempos, aquele que irá satisfazer Mario e a toda torcida Atleticana,
um projeto que nasceu há mais de meio século nos sonhos do garoto Mario e de
todos nós apaixonados pelo Furacão, ser campeão mundial e o melhor time do
planeta.
Claro! Sim! Sei que sonhos assim não são realizados do dia
para a noite, que precisamos de um time melhor, mais contratações, mas ao mesmo
tempo, nesse momento, não consigo encontrar nomes de jogadores a altura para vestir
a camisa do Furacão com sucesso.
E ainda por cima, como desembolsar um dinheiro estupendo
para trazer um medalhão se nem sabemos se o mesmo dará conta do recado?
Faça um cálculo comigo:
Vamos supor: recebemos 30 milhões em cotas de TV, e se com
esse dinheiro contratássemos 10 jogadores com uma folha de R$ 250 mil mensais
cada? Gastaríamos os 30 milhões em salários durante um ano para 10 jogadores,
sem direito a nos darmos ao luxo de ver alguns deles no departamento médico.
E se fizéssemos isso, de onde sairiam as verbas necessárias
para tocar os outros projetos em frente? Venda de jogadores.
Mas você sabia que nenhuma venda de jogador é feita à vista?
Todas as negociações são a prazo e algumas delas o clube demora para “ver” a
cor do dinheiro. Vide o caso Rodolfo no São Paulo, onde o Atlético só recebeu a
dívida com o empréstimo de Ewandro, ou seja, faltou dinheiro.
O mundo do futebol é bem simples na visão de Mario, mas na
execução de Petraglia é que vemos quanto ele é complicado, ainda mais no
Brasil, onde a palavra, inclusive a escrita, é muito pouco cumprida.
Você critica demais Petraglia, porque não tem a mínima noção
do que é administrar um clube onde se faz necessário primeiramente fazer
dinheiro, para deixa-lo autossustentável e depois contar o que sobra e montar
um time que agrade a torcida que se tornou a mais exigente e reclamona do
futebol brasileiro, a mesma torcida que antes era pobre e agora é rica, e que
no fundo não valoriza o que tem e quem a ajudou conquistar tudo isso.
Petraglia não é torcedor, ele é um administrador, mas o
pequeno Mario é sim um torcedor fanático e Petraglia faz de tudo para agradar
ao pequeno Mario torcedor do Atlético.
Que Mario tenha mais paciência e cobre menos Petraglia e
quem sabe ajude um pouco mais, pois unidos poderão e poderemos realizar o maior
sonho de todos nós pelo Clube Atlético Paranaense.