segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Athletico Resgata o Futebol Brasileiro Arte


Os torcedores mais jovens já devem ter ouvido que, em outrora, este país chamado Brasil, teve o melhor futebol do mundo.

E teve sim!

Principalmente pelas décadas de 1950, 60, 70, 80 e 90, o futebol brasileiro não só produzia grandes craques, mas jogava o fino da bola.

Mas vou ser mais enfático em relação a década de 1980, precisamente para aqueles que não acreditam, usando como exemplo, a Seleção Brasileira de 1982. Sem sombra de dúvidas, aquele era o nosso futebol, toque de bola, jogadas magistrais, empenho e raça eram uma constante naquele período.

Não, não foram os europeus que reinventaram o futebol, eles apenas copiaram a nossa fórmula e colocaram um “temperinho” extra.

Enquanto aqui no Brasil, uma nação movida apenas por resultados, a “coisa” degringolava pela falta de um novo título mundial da Seleção, lá na Europa todos se encantavam com a maravilha que era o futebol brasileiro. Aqui a arte imperava, lá a violência era a tônica dos jogos e eles queriam inverter esse “jogo”.

Poderia citar inúmeros jogos como exemplo, mas os mais impressionantes na minha visão, foram Brasil x Holanda de 1974, onde o “pau” comeu solto em campo e Brasil x Argentina pela Copa de 1982, vencida pelo selecionável brasileiro em meio a uma partida das melhores que já vi, algo como se víssemos hoje um confronto entre dois Barcelonas absolutamente iguais, um show de futebol. Você encontrará o tape completo do jogo no You Tube, assista-o e se impressione.

Claro que quando se tratava de jogos entre clubes, aqui na América do Sul, pela Libertadores, os confrontos eram pesados, bem como alguns jogos que envolviam brasileiros contra paraguaios, uruguaios e chilenos. Algumas partidas nem mesmo acabavam por conta das brigas corriqueiras, mas mesmo com tudo que pudesse ocorrer sob os ânimos exaltados, uma coisa era certa, você veria sempre grande futebol e craques de fazer cair o queixo.

Pelo lado Athleticano, os times de 1982 e 1983 encantavam. E na minha opinião, uma das melhores partidas que vi daquele Furacão foi contra o São Paulo no Morumbi, pelas quartas de final do Brasileirão de 1983, um jogo espetacular.

Em virtude das “derrotas” nas Copas de 1982 e 1986, os brasileiros e principalmente a mídia brasileira, começaram a caça às “bruxas”, exigindo uma mudança de mentalidade nos esquemas táticos, pedindo prioridade a um futebol mais retranqueiro e de resultados. Fatal! Aquele futebol arte foi morrendo aos poucos, ano após ano, sobrevivendo por uns 15 anos, precisamente até 2002.

O último lampejo de futebol bonito que pude acompanhar no Brasil, coincidência ou não, foi com o Athletico Paranaense de 2004, e amigos, quem não viu, deveria ver. Um time que jogava por música e dono de um futebol brilhante, toques clássicos, jogadas irresistíveis, gols magistrais, que acabou, por interferência direta das entidades ocultas da corrupção do futebol brasileiro, ficando com o vice campeonato brasileiro naquele ano, algo que se repetiria em 2005 na Libertadores.

Para não deixar o texto cansativo e extenso, vou pular imediatamente para o ano de 2016, pois foi em 2016 que um trabalho diferenciado e visando um esquema de jogo “europeu” (que na verdade é brasileiro genuinamente), começou a ser desenvolvido lá pelos lados do CAT do Athletico, com supervisão do gênio Paulo Autuori.

Minha chegada ao clube em 2017, me levou a conhecer diretamente criador e criatura e o início daquele que se tornaria o melhor time do futebol brasileiro dos últimos 15 anos.

Como é normal em todo trabalho sério e a longo prazo, os resultados iniciais se mostraram duvidosos ao torcedor do Furacão, afinal o torcedor Athleticano também é brasileiro e portanto, movido a resultados.

Em 2016 o clube foi premiado com o título regional sobre o rival e com uma vaga na Libertadores.

2017 poderia ser declarado como um ano falho, perdido, sem conquistas, sem produtividade, exceto que se analisarmos de lá para cá, foram exatamente as derrotas daquele ano que colocaram o Furacão no degrau superior do pódio do futebol nacional. Eis que uma derrota pode tornar-se a maior das vitórias.

Mas como assim?

A infelicidade do clube não se classificar a Libertadores, tornou possível o replanejamento em todos os setores do futebol. A saída de Paulo Autuori, vista na época como trágica, abriu as portas para outro profissional que considero um gênio, Fernando Diniz, mas que por conta de vários resultados negativos, não tem o mesmo reconhecimento por parte do torcedor Athleticano. Diniz colocou de maneira mais clara e limpa a ordem de se jogar bonito e ordenadamente. Os resultados em campo não demonstraram todo o árduo trabalho desenvolvido pelo profissional.

As grandes reformulações no clube abririam as portas para um profissional desconhecido e sem um mínimo de credibilidade perante a torcida, Tiago nunes, que mesmo com reprovação de início e muitos questionamentos no durante, realizou um regional impecável com o sub-23, sendo campeão e ganhando a confiança do torcedor.

Tiago Nunes de bobo não teve nada, aproveitou sua estadia no CAT do Athletico e sugou o máximo de informações possíveis, aliando tudo a sua experiência e visão de jogo e complementou a obra mais ousada dos últimos 30 anos no futebol brasileiro, UM CLUBE COM ESQUEMA DE JOGO DEFINIDO, hoje, o único do Brasil!

Claro que como todo torcedor Athleticano, sou sedento por vitórias e títulos e muito me honra ter participado do quadro de profissionais do clube nos anos de 2017 e 2018, anos que pude acompanhar a seriedade de um trabalho feito de forma meticulosa e perfeccionista para alcançar as glórias que até aqui obteve.

Muitos clubes no Brasil começam a flertar com a possibilidade de desenvolver o mesmo trabalho em seus times, mas não se engane, reeducar o jogador brasileiro é complicado, difícil, caro e desgastante, e ainda mais, fazer o torcedor entender que a medida leva tempo e que os resultados tão cedo não chegarão, torna o trabalho ainda mais propenso ao fracasso.

Eis que me pego pensando, que o resultado considerado desastroso de 2017, foi também o estopim para construção do campeoníssimo Athletico Paranaense, que em menos de 2 anos levantou 7 títulos, culminando com um fato único na história do futebol mundial, o único clube campeão regional, nacional, continental e intercontinental em menos de 10 meses.

Hoje posso acompanhar o Furacão, não mais esperando apenas vitórias e títulos, mas com o gosto de ir assistir um time de futebol que joga a moda antiga, com futebol vistoso e que me enche de prazer e orgulho seu torcedor.

Você que ainda vai a campo para ver o adversário, deveria desde já repensar suas iniciativas, afinal, ver o Athletico já basta para se satisfazer com um espetáculo completo do verdadeiro futebol arte e de quebra colecionar grandes vitórias e títulos.

O futuro é do Athletico Paranaense, sem dúvidas, mas há de se ter paciência em possíveis momentos de desilusão.

Por tudo isso é que a frase “o tempo é senhor da razão”, proferida pelo excelentíssimo Presidente da República do Club Athletico Paranaense, Mario Celso Petraglia, se torna mais evidente a cada passo dado e objetivo alcançado pelo Furacão das Américas.

Rumo ao mundial! Quem viver verá!



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