domingo, 26 de fevereiro de 2017

Tá com medinho do Atletiba? Que tal se encher de coragem e ir pra “guerra”?


1990, nosso time estava longe de ser um bom time, diria que era pior do que o time de base que joga esse campeonato, ganhamos aquele campeonato em 2 Atletibas no grito da torcida. Eu estava lá, no meio da Fanáticos, da qual eu fazia parte, tinha paixão por estar no meio de uma torcida que não necessitava de nada para gritar e empurrar o time do começo ao fim, tínhamos o único “adereço” que realmente nos importava, nossas gargantas. Naquelas finais, os gritos que ecoavam da massa rubro negra, invadiam o campo e os jogadores do Furacão e ali vimos uma legião de guerreiros, que mesmo levando sufoco até o fim, se doavam ao máximo e nos deram um dos títulos paranaense mais sensacionais da história, culminando com aquele gol de Berg contra.


O Coxa tinha um time muito bom, respeitável, tinha mais dinheiro que nós. Enquanto isso, tínhamos que pagar aluguel para eles do Couto, sustentar o time deles e eles ganhavam muita grana nas nossas costas. Nossa torcida não se importava com derrotas para times do interior, se importava em amar o Furacão e esse amor transbordava nos nossos gritos, não tínhamos medo de jogar Atletibas numa fase bem inferior de futebol, pois sabíamos que a nossa mística e a torcida é que faziam a diferença.


2001, os jogos emblemáticos contra São Paulo e Fluminense que nos levaram a final contra o São Caetano e a virada monumental na Arena que praticamente nos deu o título. Mesmo o time jogando mal no primeiro tempo contra o São Caetano, a torcida tratou de colocar aquele time no peito, no coração e na garganta e conduzi-lo ao título máximo.


Contra o Toledo vi o oposto disso tudo, nossa torcida não canta, não empurra, não ajuda, leva o time ao desespero e pior, são apenas garotos começando. Vaias e mais vaias. Viram o pior em todos os jogadores, viram o jogo como péssimo, mas nem de longe viram a realidade. Nossa torcida está esquisita e é culpa dela mesma, acusa a falta de adereços. Mas pra que adereços se temos nossas gargantas que são o combustível para nossos jogadores? Eu fui da organizada, eu sei o que digo, no tempo do Julião e outros, a ordem era berrar, sair rouco, sem voz, a ordem era não parar de cantar. Não tínhamos dinheiro, mas tínhamos o amor verdadeiro pelo Atlético.


As acusações contra o time são injustas, confesso a decepção com Luiz Henrique em menosprezar o adversário e bater aquele pênalti de forma bisonha e ridícula, mas se a bola tivesse entrado, todos hoje endeusariam o Luiz. A torcida esqueceu a bela partida que ele fez contra o Capiatá e que nos ajudou com a vitória no Paraguai, ele foi um dos responsáveis, pois jogou com raça, se doou. Ontem ele foi bem e eu e um amigo já havíamos comentado durante o jogo que ele era o mais lúcido no ataque. Foi infeliz, com um placar de 0x0 você mete o pé e faz o gol, deixa para fazer gracinha se o placar está elástico. Mas é novo, é garoto, ainda corrigirá seu erro.


O time que jogou contra o Toledo já tem suas promessas futuras, Santos, Wanderson, o bom zagueiro Zé Ivaldo, Nicolas, um senhor lateral esquerdo, João Pedro, um garoto de uma técnica invejável que quando ganhar mais experiência será o senhor do meio campo. Exemplo disso? Aquele lançamento de 3 dedos no meio de 3 zagueiros, se tivesse um atacante experiente conseguiria pegar a bola a tempo e fazer o gol. E as faltas que bateu? É um jogador novo e em formação com apenas 19 anos. 


Nossa zaga ontem esteve quase impecável, deixamos a desejar no ataque. Nosso meio não produziu tanto mais pelo peso da falta de experiência do que pela falta de técnica e além disso o medo de ser vaiado já incomoda os jogadores. 


Léo deveria ter mais tranquilidade, mas abusou dos chutões e lançamentos longos, Coutinho, outro experiente parece ainda meio perdido, Crysan, mesmo não produzindo o suficiente, voltava constantemente buscar a bola e poucos notaram isso, ele está se esforçando, mas joga com medo. Luiz Otávio é outra grande promessa.


Num todo, faltou o gol para acabar com a pressão que vem de nossa própria torcida que só assiste e cobra e não ajuda. Eu sei, eu vi, eu estava lá.


Agora lhe pergunto, como cobrar dessa garotada com média de 18, 19 anos se do outro lado tem mais 11 jogadores experientes com média bem superior e um corpo físico já formado no futebol? Não adianta menosprezar o Toledo e os jogadores que lá estão. Seria justificada a cobrança se fosse o time titular e mesmo assim a torcida antes tem que apoiar para depois cobrar.


Daí vem aquele velho comentário, “coloca o time titular”. Para que? Para correr risco de perder um jogador importante para a Libertadores? O time titular entrará em campo no paranaense no mês de março após o jogo contra o San Lorenzo pelo espaço de datas proporcionado pela competição, para manter o ritmo, mas agora não é a hora, temos 2 jogos essenciais logo na largada da fase de grupos da Libertadores. E outra, somos clube de formação de jogadores e a garotada tem que jogar, pois metade do time que jogou contra o Toledo é reserva do time titular na Libertadores.


Ontem após o jogo, ouvi muitos comentários, “vamos apanhar dos coxas”, “que medo do Atletiba”, mas temos uma mística de ganhar Atletibas, pincipalmente nas fases ruins, eles é que devem ter medo. Saudades de nossa antiga torcida que não tinha medo de nada, jogava junto e defendia nosso clube até a morte.


Quarta, na Baixada, é dia de cantar e empurrar do começo ao fim, aplaudir, mesmo as jogadas erradas, do começo ao fim. Parar com esse choro desnecessário e ajudar a comissão técnica que está fazendo o trabalho certo e consciente. 


Você ainda não teve o discernimento de notar que nossos jogadores também temem nossa torcida, jogar fora é mais tranquilo e rende mais do que jogar em casa. Nossa torcida tem sido nosso maior adversário. São apenas garotos que passaram muito tempo trancafiados dentro do CT, sem praticamente contato algum com o mundo exterior e suas famílias, que mal jogaram na vida para 50 pessoas e agora encaram uma Arena com 10 mil, 20 mil torcedores. Imagine você, tocando uma música para seus familiares e amigos, 20 pessoas e de repente tem que subir no palco falar ou cantar e tocar para 20 mil pessoas e 200 começam a te vaiar? O que você sentiria?


Chega de dizer por aí que o time jogou mal. Não foi exatamente tudo aquilo que esperamos, mas mesmo com os erros teve suas virtudes e não estou com medinho do Atletiba, ganhe ou perca estarei lá para apoiar e torcer por amor ao meu Atlético, um amor que carrego tatuado em meu braço esquerdo há mais de 2 décadas e tatuado no meu coração há 4 décadas.


Paranaense é feito para experiências, laboratório de novos jogadores, temos pelo menos 3 competições de peso esse ano e se ficarmos pelo meio do caminho na Libertadores teremos ainda a Sulamericana. 


Você quer ganhar o Atletiba? Faça como a Fanáticos de antigamente, ajude nossa piazada a ganhar no grito. Vamos jogar o medo para os coxas e não para nossos jogadores.

Chega de choro e medinho, vamos pra guerra, em campo.

O Atlético precisa do verdadeiro amor de guerreiro de sua torcida e não de torcedores frouxos e medrosos.


Nosso torcedor reclama do time, mas não vê que ele mesmo também não está jogando nada. Aqui a conversa é de Caveira pra Caveira.


Em tempo: Após o jogo vi uma cena lamentável de alguns torcedores xingando de FDP e outros palavrões garotos que nem entraram em campo e estavam ali treinando, totalmente ridículo e desnecessário. Torcedores assim o clube não precisa, devem pegar suas “troxinhas” e ir para o Couto, até entendo as vaias, a reclamação, mas xingar nossos jogadores de base é inaceitável. E que comece o mimimi, de novo!


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