Reza a lenda curitibana, passada de geração em geração, que, em 1949, um clube de futebol da capital, conhecido como Clube Atlético Paranaense, então com apenas 25 anos de vida, foi visitado pelos deuses da chuva e do vento, representantes da vontade dos deuses do futebol na Terra e, da junção de suas habilidades, foi dado a este clube um presente divino: um elenco que seria conhecido como um dos melhores da história do futebol paranaense.
O então presidente do Clube,
Itaciano Marcondes, perguntou por que os referidos deuses foram os escolhidos
para entregar o presente que acabara de receber. Em resposta, lhe foi dito que
a chuva e o vento seriam as vontades divinas que dariam ao Atlético a alcunha
que ficaria para sempre cravada em sua história: Furacão. E que a força desses
dois elementos seria o que faria do Atlético um clube devastador, tanto no
presente, como no futuro.
Como prometido, ao time de 1949
foi dada a dádiva de ser implacável e indestrutível. Seus adversários o
temeriam e suas defesas não seriam capazes de evitar a destruição que, a partir
daquele momento, sempre o acompanharia, onde quer que o nome do Clube fosse e
no que quer que ele fizesse.
E ainda profetizaram: tal apelido
acabaria por se tornar a essência deste clube, não somente por conta do time
que vestiria aquela camisa em 1949, mas, principalmente, pelas mudanças
significativas que o rubro-negro de Curitiba protagonizaria em um futuro
próximo.
E, assim como tinham previsto os
deuses, Cireno e companhia mostraram ao Brasil o seu talento com uma campanha
arrebatadora no campeonato regional daquele ano. O apelido dado pelos deuses
agora seria conhecido em âmbito nacional.
Sessenta e oito anos se passaram
desde a visita narrada neste conto. Foram anos não somente de glórias, mas
também de tristezas e principalmente de muita luta. De erros, de acertos, de
inovações. Foram tempos de chuva e de vento, mas também de sol e de calor
escaldante. De jogos grudados no alambrado da antiga baixada e sentados no
cimento frio das arquibancadas. Anos em que passamos longe de nossa casa, em
que ficamos longe da elite, em que não tivemos sucesso, em que vimos ídolos nascerem,
morrerem e partirem para longe de nós.
Anos em que tivemos saudades de
1949, mas em que também ansiamos pelo futuro.
Foram seis décadas que nos
fizeram crescer e nos tornaram o maior clube do Estado do Paraná.
E, tal qual um furacão que passa
pelos oceanos ganhando o apoio do vento e da chuva, ganhamos a simpatia de uns,
mas também a antipatia de outros. Há quem admire a beleza dos furacões, mas há
também os que o temem por saberem não serem capazes de enfrentá-los.
Independente de tal animosidade, a
instituição Clube Atlético Paranaense se tornou modelo de gestão para o país
inteiro. O rubro-negro de Curitiba continua - hoje não mais um adulto na flor
da idade, mas um senhor de 93 anos - conforme profetizado em 1949, a devastar o
futebol brasileiro, assim como faria um furacão solto pela natureza.
Em 2016, ao contrário do que
vimos há 68 anos, nossa alcunha não acompanha um time devastador, mas sim uma
instituição devastadora. Que quebra, todos os dias, os padrões conhecidos no
Brasil, que sabe sua grandeza, ao ponto de não se curvar à vontade daqueles que
apodrecem o futebol deste país, que passa por cima de qualquer um que ouse
ficar em seu caminho ou que tente acabar com o seu avanço. A devastação
continua, mas de outra forma, não menos bonita, mas infinitamente mais
importante.
Aqueles que profetizam, por
óbvio, sabem do futuro.
Parece, assim, que os deuses
sabiam, desde 1949, que seria necessário um fenômeno da grandeza de um furacão
para ir de encontro aos gigantes que tomam conta do futebol no Brasil e, por
isso, decidiram desembarcar, naquele fatídico dia, na porta do saudoso
Itaciano. A força do vento e da chuva foi confiada ao Clube Atlético Paranaense,
e não a qualquer outro, pois sempre foi seu destino, desde seu nascimento, ser
um clube devastador.
No futebol nada é por acaso, nem mesmo um simples apelido.
Feliz aniversário, Clube Atlético
Paranaense, nosso amado Furacão.
Parabéns...a vc pelo conto carregado desse sentimento muito gostoso que nós atleticanos temos aprendido a saborear nos últimos tempos: o orgulho. E ao nosso amado CLUBE ATLÉTICO PARANAENSE...que os bons ventos soprem a nosso favor nesse ano e nos traga ainda muitas mais conquistas!!! SRN CAP!!
ResponderExcluirArrasou Fer!!!
ResponderExcluirperfeito
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