segunda-feira, 27 de março de 2017

A Força de um Furacão.


Reza a lenda curitibana, passada de geração em geração, que, em 1949, um clube de futebol da capital, conhecido como Clube Atlético Paranaense, então com apenas 25 anos de vida, foi visitado pelos deuses da chuva e do vento, representantes da vontade dos deuses do futebol na Terra e, da junção de suas habilidades, foi dado a este clube um presente divino: um elenco que seria conhecido como um dos melhores da história do futebol paranaense.

O então presidente do Clube, Itaciano Marcondes, perguntou por que os referidos deuses foram os escolhidos para entregar o presente que acabara de receber. Em resposta, lhe foi dito que a chuva e o vento seriam as vontades divinas que dariam ao Atlético a alcunha que ficaria para sempre cravada em sua história: Furacão. E que a força desses dois elementos seria o que faria do Atlético um clube devastador, tanto no presente, como no futuro.

Como prometido, ao time de 1949 foi dada a dádiva de ser implacável e indestrutível. Seus adversários o temeriam e suas defesas não seriam capazes de evitar a destruição que, a partir daquele momento, sempre o acompanharia, onde quer que o nome do Clube fosse e no que quer que ele fizesse.

E ainda profetizaram: tal apelido acabaria por se tornar a essência deste clube, não somente por conta do time que vestiria aquela camisa em 1949, mas, principalmente, pelas mudanças significativas que o rubro-negro de Curitiba protagonizaria em um futuro próximo.

E, assim como tinham previsto os deuses, Cireno e companhia mostraram ao Brasil o seu talento com uma campanha arrebatadora no campeonato regional daquele ano. O apelido dado pelos deuses agora seria conhecido em âmbito nacional. 

Sessenta e oito anos se passaram desde a visita narrada neste conto. Foram anos não somente de glórias, mas também de tristezas e principalmente de muita luta. De erros, de acertos, de inovações. Foram tempos de chuva e de vento, mas também de sol e de calor escaldante. De jogos grudados no alambrado da antiga baixada e sentados no cimento frio das arquibancadas. Anos em que passamos longe de nossa casa, em que ficamos longe da elite, em que não tivemos sucesso, em que vimos ídolos nascerem, morrerem e partirem para longe de nós.

Anos em que tivemos saudades de 1949, mas em que também ansiamos pelo futuro.

Foram seis décadas que nos fizeram crescer e nos tornaram o maior clube do Estado do Paraná.

E, tal qual um furacão que passa pelos oceanos ganhando o apoio do vento e da chuva, ganhamos a simpatia de uns, mas também a antipatia de outros. Há quem admire a beleza dos furacões, mas há também os que o temem por saberem não serem capazes de enfrentá-los.

Independente de tal animosidade, a instituição Clube Atlético Paranaense se tornou modelo de gestão para o país inteiro. O rubro-negro de Curitiba continua - hoje não mais um adulto na flor da idade, mas um senhor de 93 anos - conforme profetizado em 1949, a devastar o futebol brasileiro, assim como faria um furacão solto pela natureza.

Em 2016, ao contrário do que vimos há 68 anos, nossa alcunha não acompanha um time devastador, mas sim uma instituição devastadora. Que quebra, todos os dias, os padrões conhecidos no Brasil, que sabe sua grandeza, ao ponto de não se curvar à vontade daqueles que apodrecem o futebol deste país, que passa por cima de qualquer um que ouse ficar em seu caminho ou que tente acabar com o seu avanço. A devastação continua, mas de outra forma, não menos bonita, mas infinitamente mais importante.

Aqueles que profetizam, por óbvio, sabem do futuro.

Parece, assim, que os deuses sabiam, desde 1949, que seria necessário um fenômeno da grandeza de um furacão para ir de encontro aos gigantes que tomam conta do futebol no Brasil e, por isso, decidiram desembarcar, naquele fatídico dia, na porta do saudoso Itaciano. A força do vento e da chuva foi confiada ao Clube Atlético Paranaense, e não a qualquer outro, pois sempre foi seu destino, desde seu nascimento, ser um clube devastador.

No futebol nada é por acaso, nem mesmo um simples apelido.

Feliz aniversário, Clube Atlético Paranaense, nosso amado Furacão.



3 comentários:

  1. Parabéns...a vc pelo conto carregado desse sentimento muito gostoso que nós atleticanos temos aprendido a saborear nos últimos tempos: o orgulho. E ao nosso amado CLUBE ATLÉTICO PARANAENSE...que os bons ventos soprem a nosso favor nesse ano e nos traga ainda muitas mais conquistas!!! SRN CAP!!

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